MANAUS – A influenciadora digital Virgínia Fonseca, que possui mais de 53 milhões de seguidores no Instagram, compareceu nesta terça-feira (13) à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Bets no Senado. Protegida por um habeas corpus do ministro do STF Gilmar Mendes, ela exerceu o direito de permanecer em silêncio sobre questões que pudessem incriminá-la.
Acompanhada do marido, o cantor Zé Felipe, Virgínia chegou ao Congresso vestindo um moletom com o rosto de uma de suas filhas. Durante o depoimento, negou ter recebido porcentagem sobre perdas de apostadores influenciados por sua publicidade. “Era um valor fixo. Se eu dobrasse o lucro [da bet], receberia 30% a mais, mas isso não aconteceu. Não ganhei R$ 1 além do combinado”, afirmou, ressaltando que seu contrato com a Esportes da Sorte – já encerrado – incluía cláusula de confidencialidade.
Apesar de não revelar valores específicos, a influenciadora aceitou compartilhar com a CPI o contrato anterior, que permanecerá sob sigilo. Atualmente, ela mantém parceria com outra casa de apostas, mas recusou-se a nomear a empresa ou detalhar remunerações. “Não estou fazendo nada fora da lei”, declarou.
Relatora cobra responsabilidade
A relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), questionou o início das propagandas de Virgínia para o setor em dezembro de 2022, antes da regulamentação das apostas no governo Lula. A influenciadora argumentou que, na época, as bets já eram legais, apesar da ausência de normas específicas.
Ao ser instada a parar de promover casas de apostas, Virgínia respondeu: “Vou pensar, senadora. Mas gostaria que chamassem aqui todos os times de futebol, emissoras e eventos patrocinados por bets. Tudo no Brasil tem bet. Meu trabalho é publicidade”.
Contexto das apostas e habeas corpus
As apostas foram legalizadas em 2018, no governo Michel Temer, mas só foram regulamentadas em 2023. Durante o governo Bolsonaro, empresas atuaram em uma “zona cinzenta”, operando no exterior sem pagar impostos no Brasil.
O habeas corpus de Gilmar Mendes garantiu a Virgínia o direito ao silêncio, embora a obrigasse a comparecer. Sua defesa alegou que a convocação – e não um convite – a colocava na posição de “investigada”. A CPI justificou a oitiva pelo seu “papel central na promoção de apostas para milhões de seguidores”.