MANAUS – Alegando incompatibilidade de projetos, o ex-vereador Hiram Nicolau confirmou que acompanha seu irmão, o deputado estadual e pré-candidato ao governo, Ricardo Nicolau, na decisão de deixar o PSD, de Omar Aziz.
“(…) eu deixo o PSD também. O meu motivo da saída é o mesmo do Ricardo, é incompatibilidade de projetos. O PSD tem um projeto que não é o nosso projeto. Como você precisa ter um partido político para ser candidato a qualquer coisa no Brasil, nós temos que sair”, disse Hiram ao Estado Político.
O político, que foi vereador da CMM (Câmara Municipal de Manaus) por dois mandatos e decidiu não concorrer à reeleição em 2020, agora avalia disputar uma vaga na ALE-AM (Assembleia Legislativa do Amazonas) em 2022.
“Tenho aquele sentimento de querer voltar, de querer contribuir, aquele inconformismo com o nosso nível atual, mas ainda não é uma certeza. (…) Eu ainda acho que posso ser um quadro de qualidade no nosso estado, na Assembleia Legislativa ou em qualquer outro cargo. Eu confio no meu potencial”, declarou o ex-vereador.
Omar é presidente estadual do PSD e já declarou que a legenda não terá candidato ao governo nas eleições de 2022, indo na contramão do projeto político de Ricardo Nicolau. O deputado estadual concorreu à Prefeitura de Manaus em 2020, onde terminou em 4º lugar na disputa.
Abaixo, a íntegra da entrevista de Hiram Nicolau ao Estado Político:
Estado Político: Você participou da reunião do deputado Nicolau com o presidente nacional do PDT, Carlos Luppi. A legenda é uma possibilidade de nova casa partidária?
Hiram Nicolau: Eu participei da reunião com o Carlos Luppi, participei do jantar com ele. Ele foi extremamente cordial, falou da importância que nós teríamos para o partido. O PDT é um partido que tem história, tem militância, não é um partido pequeno e jamais vai ser comparado com partido de aluguel, mas ainda não é nada fechado. Nós conversamos e estamos conversando com outros partidos e na hora certa vamos tomar a decisão. Mas foi uma reunião muito boa. O PDT foi um partido parceiro nosso em 2020 na candidatura do Ricardo e até por isso mantemos uma boa relação. A política é isso, a política é você conversar, é você dialogar, é você estudar os cenários e não necessariamente com a obrigatoriedade de se filiar a um partido. Por mais que você tenha até ideias diferentes sobre alguns temas, mas a política é justamente isso, você poder sentar, debater e conversar. Mas não tem nada fechado, não posso te garantir nada em relação ao PDT ou nenhum outro partido.
Estado Político: O deputado Ricardo Nicolau anunciou ser pré-candidato ao governo. Com ele não concorrendo à reeleição na ALE-AM, o sr. passa a ser pré-candidato a deputado estadual?
Hiram Nicolau: Ainda não posso ser confirmado como pré-candidato a deputado estadual, porque sinceramente eu ainda não sei. Existe uma possiblidade, mas isso é algo que tenho que conversar com a minha família, eu abri mão de me candidatar a vereador na eleição municipal de 2020, a uma possível reeleição… Tenho aquele sentimento de querer voltar, de querer contribuir, aquele inconformismo com o nosso nível atual, mas ainda não é uma certeza, não posso te garantir isso. Isso é algo que ainda vou discutir com a minha família e com os nossos apoiadores, com os nossos amigos, com as pessoas que nos ajudam, porque ninguém faz nada sozinho, ninguém faz uma campanha sozinho, ninguém faz um mandato sozinho. Isso é algo que mais para frente vou tomar uma decisão definitiva sobre isso.
Estado Político: Você acompanha o deputado Ricardo Nicolau e também está deixando o PSD?
Hiram Nicolau: Sim, eu deixo o PSD também. Eu não obedeço nenhuma janela por não ter mandato, então posso sair a qualquer momento, mas o Ricardo obviamente obedece a janela, mas eu também saio do PSD.
Estado Político: Qual o motivo para deixar o PSD?
Hiram Nicolau: O meu motivo da saída é o mesmo do Ricardo, é incompatibilidade de projetos. O PSD tem um projeto que não é o nosso projeto. Como você precisa ter um partido político para ser candidato a qualquer coisa no Brasil, nós temos que sair. Mas essa saída foi conversada, foi uma saída amistosa, não houve briga alguma, não houve conflito algum. É apenas uma incompatibilidade de projetos. O PSD vai em um sentido e nós vamos em outro.
Estado Político: Ao falar sobre uma possível candidatura para deputado estadual, você diz possuir “um inconformismo com o nosso nível atual”. Se refere ao nível da Assembleia Legislativa do Amazonas?
Hiram Nicolau: Não, falo em relação a tudo mesmo, não só em relação ao legislativo estadual. Me refiro a nossa representatividade mesmo. Eu sei o quanto é difícil fazer algo sozinho quando se faz parte de um parlamento. Eu abri mão de uma reeleição e eu me considerava um bom quadro, um bom representante da população. Eu me considero um político que fazia jus aos votos que recebeu. Então, se eu achar que ainda tenho a contribuir, eu penso de uma forma diferente e isso me anima. Um dos maiores motivos de não ter sido candidato em 2020 era ter achado que após oito anos de mandato eu já não tinha o que contribuir com a Câmara Municipal de Manaus. Fui vice-presidente da Câmara Municipal, assumi a presidência da Casa incontáveis vezes, assumi a Prefeitura de Manaus diversas vezes. Apresentei projetos de lei, requerimentos, fiz denúncias, fiz elogios, fiz críticas, enfim, fiz meu papel, mas a partir do momento em que eu teria que ir para um terceiro mandato de Câmara Municipal, achei que aquilo seria redundante, achei que não estaria mais acrescentando nada aos meus eleitores e à população de Manaus. Foi aí que decidi dar um passo atrás, agora, a partir do momento em que acho que posso acrescentar, que é daí que vem essa palavra “inconformismo”, que eu não acho que está tudo bem, acho que ninguém acha que está tudo bem, no momento que eu penso que ainda posso contribuir isso é o que me anima. Eu ainda acho que posso ser um quadro de qualidade no nosso estado, na Assembleia Legislativa ou em qualquer outro cargo. Eu confio no meu potencial, na minha capacidade e na minha vontade de fazer a diferença pelas pessoas até onde estiver o mandato.
